jueves, 31 de mayo de 2018

UMA BORBOLETA CHAMADA TRIALA (Uma história sobre a diferença)


(Texto produzido em contexto de sala de aula
 pelos alunos do 5º ano do Centro de Aprendizagem e   Formação Escolar - CAFE de Manatuto -Timor-Leste)



UMA BORBOLETA CHAMADA TRIALA

Triala era uma borboleta que nasceu diferente.

Ela nasceu com três asas.

Os pais e os irmãos ficaram muito admirados.

- Uma borboleta com três asas? – mas mesmo assim continuaram a gostar muito dela, ao contrário dos amigos e amigas que estavam sempre com risinhos e a deixá-la envergonhada.

Triala não voava como as outras, era desengonçada, e nunca a convidavam para as danças das borboletas.

Ela começou assim a ser uma borboleta triste, muito mais quando percebeu que as amigas eram silenciosas a voar e ela, com uma asa a mais, era muito ruidosa, porque as três asas batiam umas nas outras e faziam muito barulho.

Algumas borboletas quando saiam para brincar com as flores não a queriam levar, mas Triala não permitia:

- Eu também vou!

Punha uma cara muito feia, abria as três asas ao mesmo tempo, muito empertigadas e as amigas diziam:

- Está bem, está bem!

Assim, Triala acabava sempre por ir com elas.

Naquele dia sairam logo pela manhã e resolveram ir para a montanha porque lhes disseram que havia flores do café muito bonitas em Ermera.

Chegaram muito cansadas e porque estava frio, meteram-se numa gruta e encostaram-se umas às outras. Estavam tão cansadas que adormeceram.

Foi Triala a primeira a acordar e ao espreguiçar-se as asas fizeram tanto barulho que acordaram todas.

- É de noite, não se vê nada, estamos perdidas, e agora?

Resolveram ficar aí até ser dia.

No Suco das Borboletas tinham dado por falta delas e muito preocupados, foram pedir aos primos pirilampos que estavam a passar férias em Timor, que fossem com eles à sua procura.

Quando chegaram à montanha ao lugar das flores do café, começaram a procurá-las, mas as horas passavam e não as encontravam.

As borboletas perdidas sabiam que andavam à sua procura porque viam as luzinhas dos pirilampos, mas as suas asas eram tão perfeitas, bonitas e silenciosas que sem saberem falar, pois só sabiam comunicar-se pela dança, não conseguiam descobrir como lhes dizer que estavam ali.

Foi então que Triala começou a bater as suas três asas, fazendo um ruído enorme no silêncio da noite e foi assim que foram salvas, e sem Triala e a sua diferença, não podíamos saber desta história.

Mais tarde na escola, Triala foi para um conjunto de música, dedicou-se à bateria e foi a melhor baterista de sempre do Suco das Borboletas, mas essa é outra história que iremos escrever para a semana.                                                 


A.M.