(Texto produzido em contexto de sala de aula
pelos alunos do 5º ano do Centro de Aprendizagem e Formação Escolar - CAFE de Manatuto -Timor-Leste)
UMA BORBOLETA CHAMADA TRIALA
Triala
era uma borboleta que nasceu diferente.
Ela
nasceu com três asas.
Os
pais e os irmãos ficaram muito admirados.
-
Uma borboleta com três asas? – mas mesmo assim continuaram a gostar muito dela,
ao contrário dos amigos e amigas que estavam sempre com risinhos e a deixá-la
envergonhada.
Triala
não voava como as outras, era desengonçada, e nunca a convidavam para as danças
das borboletas.
Ela
começou assim a ser uma borboleta triste, muito mais quando percebeu que as
amigas eram silenciosas a voar e ela, com uma asa a mais, era muito ruidosa,
porque as três asas batiam umas nas outras e faziam muito barulho.
Algumas
borboletas quando saiam para brincar com as flores não a queriam levar, mas
Triala não permitia:
-
Eu também vou!
Punha
uma cara muito feia, abria as três asas ao mesmo tempo, muito empertigadas e as
amigas diziam:
-
Está bem, está bem!
Assim,
Triala acabava sempre por ir com elas.
Naquele
dia sairam logo pela manhã e resolveram ir para a montanha porque lhes disseram
que havia flores do café muito bonitas em Ermera.
Chegaram
muito cansadas e porque estava frio, meteram-se numa gruta e encostaram-se umas
às outras. Estavam tão cansadas que adormeceram.
Foi
Triala a primeira a acordar e ao espreguiçar-se as asas fizeram tanto barulho
que acordaram todas.
- É
de noite, não se vê nada, estamos perdidas, e agora?
Resolveram
ficar aí até ser dia.
No Suco
das Borboletas tinham dado por falta delas e muito preocupados, foram pedir aos
primos pirilampos que estavam a passar férias em Timor, que fossem com eles à
sua procura.
Quando
chegaram à montanha ao lugar das flores do café, começaram a procurá-las, mas
as horas passavam e não as encontravam.
As
borboletas perdidas sabiam que andavam à sua procura porque viam as luzinhas
dos pirilampos, mas as suas asas eram tão perfeitas, bonitas e silenciosas que
sem saberem falar, pois só sabiam comunicar-se pela dança, não conseguiam
descobrir como lhes dizer que estavam ali.
Foi
então que Triala começou a bater as suas três asas, fazendo um ruído enorme no
silêncio da noite e foi assim que foram salvas, e sem Triala e a sua diferença,
não podíamos saber desta história.
Mais
tarde na escola, Triala foi para um conjunto de música, dedicou-se à bateria e
foi a melhor baterista de sempre do Suco das Borboletas, mas essa é outra
história que iremos escrever para a semana.
A.M.