viernes, 25 de diciembre de 2020

CATARINA OLIVEIRA, A MINHA COLEGA DE LETRAS E BENJAMIM, JÁ ESTÁ NO MERCADO.

 

CATARINA OLIVEIRA

Ontem estive em Portalegre, com a noite de Natal a chegar, não podia deixar de ajudar a Amélia, na realização de um sonho e compromisso da sua editora.
Fiz de Pai Natal e levei os livros que chegaram a Filigrana Editora pela manhã (atrasados pela gráfica, nestes tempos de pandemia).

Catarina merece, não só pela sua idade, que lhe abre as portas de um dom natural muito cedo (é o seu segundo livro), mas pela qualidade do seu:



Já no mercado, desde ontem e em breve na Bertrand, na Wook e na livraria do site da sua editora.

Para já poderão solicitá-lo à autora ou à sua Editora 


Ambos serão enviados com portes pagos e dedicatória personalizada.




BOAS FESTAS E EXCELENTES LEITURAS!!!
      Descubra a nossa Catarina, adquira o seu livro.





sábado, 12 de diciembre de 2020

A TABERNA DE AVELINO CAMEJO - PRÓXIMO LIVRO - FEVEREIRO - CAP. 30 - OFERTA DE LEITURA


30. Barba e cabelo

- Já vi que com o Senhor Professor, o prometido é devido. Então não trouxe o menino?

- Esse, é a mãe que gosta de lhe cortar o cabelo.

- Ora muito bem, vamos lá então a isso. Pode pendurar o casaquinho, sentar-se nesta cadeira que me acompanha há cinquenta anos. Vou só vestir a bata, pois o Sr. Professor é hoje o meu primeiro cliente, apesar das horas.

Não se sentava numa cadeira daquelas há muitos anos, quando ia cortar o cabelo com o pai ao primo João Lagem, barbeiro, no Arco de Santo António, de um lado uma padaria que fazia boleimas, em frente uma adega, um pouco mais ao lado da adega, a Polícia e o Governo Civil. O primo metia uma tábua nos braços da cadeira onde o pai o sentava e depois aquele castigo de estar quieto, enquanto os cabelos lhe caiam para um gigantesco “babete” que lhe cobria o corpo até às pernas nuas que lhe saiam dos calções.

O pai aproveitava para engraxar os sapatos, num engraxador mudo, que falava com grunhidos e gestos e que João Lagem entendia e traduzia aos clientes.

Estar naquela cadeira era estar sentado na infância.

O barbeiro Durão apareceu, bata curta azul clara, abriu como capote de toureiro uma capa branca e fina que abriu com movimento e lhe envolveu o corpo até ao pescoço. Depois com alfinetes de dama, apertou-lha ao pescoço.

- Ora bem, curto, muito curto ou normal?

- Para já normal, mas depois de me ver, logo lhe direi se corta ou não mais.

- Como o Senhor Professor quiser.

Atanásio era por enquanto o único professor em Aldeia da Pena, embora trabalhasse em Vila Alva. Tentou relaxar, descansar e desfrutar frente ao espelho nicado nas pontas e onde se via, com Durão por trás, pelos lados, passando-lhe os dedos pelo cabelo, segurando-os aos molhinhos enquanto os cortava. A medida dos seus dedos grossos, eram a régua de corte do seu corte normal.

Mas se Atanásio esperava relaxar, enganou-se, aquele não era o lugar próprio, pois Durão falava sem parar, de política, de futebol, do Presidente da Câmara, da Presidente da Junta e perguntava como um verdadeiro inquisidor ao cliente:

- Então já chegaram os elevadores?

- Quantos filhos tem?

- O que faz a sua senhora?

- A casa foi cara?

- Teve empréstimo bancário?

- Como é que Matilde o convenceu a vir?

Meu Deus – pensava Rui Atanásio – o homem não se cala, mas começou a sentir algo de verdade, o fazer parte de um grupo onde as ruas não eram as partes de fora das casas, mas os seus quintais, o prolongamento do seu espaço familiar. Começava a fazer parte de uma comunidade.

A barbearia do Sr. Durão estava toda forrada com retratos em molduras iguais, lado a lado. Começou a contá-las, pelo menos as da parede da frente, pois se movia um pouco a cabeça para o lado, logo a mão pesada do Sr. Durão lhe era colocada sobre ela, rodando-a para a frente, pois estava trabalhando e falar não o distraia das suas responsabilidades profissionais, agora o movimento dos clientes, já o prejudicavam. 

Retomava a contagem dos retratos, sem mais nada para fazer, da parede da frente, seis ao alto vezes dez na vertical seriam sessenta, mais cinco sobre o espelho, bem só nessa parede havia sessenta e cinco rostos a preto e branco. Ainda via pelo espelho outros na parede traseira, mas a mão do Sr. Durão não lhe permitia mexer-se muito.

- Quem é esta gente, Sr. Durão? Amigos?

- Clientes mortos, que ando nisto há muitos anos, e quando se vão peço sempre um retrato à família.

O Sr. Durão pegou num espelho pequeno e colocou-o por detrás da sua cabeça:

- Que lhe parece? Está bem atrás?

- Atrás e à frente, Sr. Durão. Não necessita cortar mais.

Borrifou-lhe o cabelo com água e então, com o pente a duas mãos, definiu um risco e separou-o milimetricamente.

- Se quiser, pode lavá-lo. Vi aí uma bacia e um chuveiro.

- Só tenho água fria, o professor depois lava-o em casa.

Baixou sem avisar a alavanca da cadeira e Atanásio ficou praticamente deitado.

- Vamos à barba, mas primeiro deixe-me tirar-lhe os óculos.

Retirou-lhos e colocou-os na prateleira dos utensílios.

Pegou numa baciazinha onde colocou um pó mágico, e com o pincel da barba, agitou-o e disse:

- Bem, vamos começar – e ensaboou-o, de orelha a orelha, quase até aos olhos, a boca também, que com um lencinho, limpou depois.

O Professor gostava de ver a sua cara, mas deitado, nem se atrevia a mexer-se, quando o viu a passar a navalha, pr'a lá, pr'a cá, com força, várias vezes, afiando-a no couro.

- Afia e limpa, aqui não há micróbio que resista, como dizia o outro – e com uma ponta a segurar o aparelho e a outra ponta encostada ao lado do peito, continuou o pr'a lá, pr'a cá, cada vez com mais força e rapidez, daquela navalha que o professor olhava pelo canto do olho a ser afiada, ao mesmo tempo que pensava – valha-me Deus!

- Bem, vamos começar a deixar essa cara como o rabo de um bebé.

Com uma mão, empurrou-lhe a testa e fixou-a sem a deixar mexer, depois com o pescoço esticado e amovível o cliente sentiu-se como uma galinha pronta a ser degolada, ao mesmo tempo que o Mestre Durão lhe começou a raspar o pescoço de baixo para cima, e diga-se de verdade, que com suavidade, talvez do seu esforço de nem se atrever a respirar, fazendo-o só, quando o barbeiro depois de uma passagem lhe aliviava a testa passando a mão pelo sítio raspado, para sentir se havia algo que não fosse a pele, continuando depois, mão novamente na testa e nova passagem de uma forma mecanizada e lenta.

- A goela já está. Agora a sua pele é dura e é melhor deixá-la ensaboada, pouco tempo, olhe, o suficiente para eu tratar da minha diabetes.

O Sr. Durão saiu até à porta do lado da rua, a taberna de Avelino.

Não sei o tempo certo, talvez entre os cinco e os dez minutos, era demasiado, para estar ali preso, deitado numa cadeira cujas molas estavam de acordo com a idade que tinha.

Foi aí que entrou um cliente:

- Não está o mestre Durão?

- Saiu, falou-me de diabetes...

- Ah! Ele tem que comer várias vezes por dia, vou ter com ele ao Avelino – saiu.

Com o tempo a correr, o professor Atanásio começou a ficar preocupado, teria o Sr. Durão algum problema? E ele ali deitado?

Levantou-se, sem tirar a toalha fina, que o enrolava e apressadamente entrou na porta ao lado, ainda com a cara ensaboada.

- Está tudo bem?

- Ó professor, desculpe, tenho que comer a esta hora.

Estava realmente a comer uma maçã com um copo de vinho na frente.

- Já conhece o Ferreira?

- Sim, entrou na loja e perguntou por si, falou-me da diabetes e pensei, pela demora, que poderia haver algum problema.

- Pois a culpa do atraso é dele, pagou mais um copo e tive que descascar outra maçã.

Avelino estava incrédulo.

- Durão, deixaste o primeiro cliente do teu primeiro dia de recomeço a secar? - depois virando-se para o professor com a cara branca de sabão e toalha pendurada - Ó Sr. Professor, desculpe, eu julguei que estivesse sem clientes, não me disse que o senhor estava lá, e nesse estado.

Meio zangado, retirou o copo do balcão.

- Este bebes depois, eu guardo, que vergonha Durão.

Ferreira interferiu:

- Olha, guarda também o meu.

Saíram os três da taberna e voltaram ao trabalho. Novamente a bata bem apertada que um dos alfinetes estava aberto, com o professor de pé. 

Depois subiu a cadeira.

- Faça o favor de se sentar e desculpe.

Atanásio sentou-se e tudo voltou ao princípio, novo sabão, um pouco menos na garganta, e a conversa, que o homem tinha dificuldade em trabalhar calado e agora com a ajuda do Ferreira:

- O professor está aí para as curvas. Olhe, eu não seria capaz de me levantar da cadeira deitado, isto da idade...

- Nem tu nem eu – disse Durão enquanto lhe colocou novamente a mão na testa e começou a raspar da orelha para baixo.

O Ferreira largou a revista com meses, e espreitou a rua:

- Ena pá, grande carapau!

Não resistiu Durão em vir espreitar à porta também, mas veio logo para dentro, virando com a mão na testa a cabeça do professor para o outro lado:

- Não tens vergonha, Ferreira? É a mulher do Júlio do pomar!

O Professor, achou por bem, desmanchar o seu silêncio:

- Sabem que um dos grandes pintores portugueses tem o nome de Júlio Pomar?

- Ó professor – comentou Durão – nós de pinturas sabemos pouco ou nada. Olhe, a Matilde, Presidente da Junta...mandou entregar tintas para reabrir a barbearia e ainda aí estão - apontou com a navalha.

- Pois olha que tu, deverias saber, que todos os dias mexias no pincel, e pelo que vejo recomeçaste novamente a usá-lo.

Entraram na brejeirice quando Durão respondeu:

- Pois tu há muito que não usas o teu.

- Ah, pois não, mas olha que dos três que aqui estamos, só o professor pela idade dá uso ao seu.

- Cala-te Ferreira, o meu pincel é tão usado como este da barba. Nada tem com a idade.

- Cão ladrador pouco mordedor – respondeu o Ferreira.

Durão não quis adiantar conversas:

- Já está, professor, vou levantar a cadeira para se poder ver ao espelho. Toque na cara.

Rui Atanásio tocou a face e estava lisa, tão lisa como nunca a tinha sentido. Olhou-se ao espelho, enquanto Durão lhe dava nova penteadela.

- Quer laca?

- Não, obrigado.

- Mas a cara ainda não terminou. Tem aqui um pontinho que precisa da minha pedra mágica - e passou-lhe com uma pequena pedra no local do pequenito corte - Agora, sim, está pronto. Álcool ou sublimado?

O professor sabia o que era álcool, que sinceramente não queria usar, o sublimado não, pelo que respondeu:

- Sublimado.

Durão meteu nas mãos um líquido e massajou-lhe a cara. Atanásio pensou “porra que arde!”.

- Já está.

Tirou-lhe a bata e já de pé, escovou-lhe o pescoço puxando-lhe pela gola. Depois com outra escova, esta de fato, passou-lhe pelos ombros, para que não levasse dali nenhum cabelo.

- Os óculos Sr. Durão?

- Aqui estão.

- Quando lhe devo?

- O copo que não bebemos e o Avelino guardou. Venha daí.

Colocou na porta um cartão branco dizendo “Fechado” e que do outro lado tinha escrito “Aberto (estou no Avelino)”. Foi este lado o que escolheu para meter virado para a rua.

Na taberna de Avelino, já havia mais gente, e ele, que gostava da forma como estava a ser aceite, deixou seguir em palavras o tempo que foi passando, pelo que novas palavras mais grossas, as da mulher o esperavam certamente em casa.

- Tenho que ir amigos, tenho a patroa à espera.

Pediu a conta fácil de fazer.

- O professor já pagou duas rodadas. Não tem de pagar mais nada.

Ali encomendava-se por “rodadas” e dos que estavam todos iam pagando uma.

Não se lembrava já noutro dia quanto tinha pago, nem quanto tinha bebido, mas sentia-se bem, como se se sentisse parte de uma comunidade familiar.

Lembrou-se no entanto de ter dito ao Sr. Durão:

- Mestre, para a próxima trago o meu “aftershave”.

- Traga as chaves que quiser que até lhas posso guardar aqui, a casa é sua.

Agora, tinha a mulher que o surpreendeu depois da explicação, a verdade.

- Fizeste bem, Rui, pelo menos hoje não falaste de escola.

                                                              (...)

In A TABERNA DE AVELINO CAMEJO

...em fase de trabalho de oficina...

Nota:

 A Publicar em (Fevereiro/Março) por Filigrana Editora.



 




 

lunes, 7 de diciembre de 2020

A GERAÇÃO QUE QUIS SER FELIZ, DE AVELINO BENTO, JÁ SE ENCONTRA DISPONÍVEL.

 


Avelino Bento, amigo e colega escritor, foi apanhado pela pandemia com o seu livro

                  A GERAÇÃO QUE QUIS SER FELIZ.

Sem ter podido fazer o lançamento deste soberbo livro onde a Guerra Colonial aparece em plano de fundo, resolveu colocá-lo à disposição dos leitores.

Poderão adquiri-lo solicitando ao autor, ou na livraria do site:

 www.filigrana-editora.pt.

Os livros serão enviados assinados, com dedicatória personalizada e com os portes pagos, por Filigrana Editora em parceria com o autor.

Para a próxima semana, já o poderá encontrar na Bertrand ou na WOOK.

O seu lançamento, será adiado para que se não perca a fabulosa atuação da Soprano da Ópera de Roma, acompanhada pelo Maestro Portalegrense Filomeno Raimundo.


https://www.filigrana-editora.pt/livraria/

Para já, pode adquiri-lo.

Boas leituras.

Eu gostei e aconselho.