martes, 10 de marzo de 2015

A MULHER DO SARGENTO ESPANHOL - SINOPSE


 A Mulher do Sargento Espanhol

Sinopse 
A descoberta de ossos humanos nas valas onde se enterravam os porcos durante a calamitosa Peste Suína Africana, leva-nos a descobrir uma aldeia que cresce graças a uma santa que foi enterrada viva.

Uma carta recebida da Argentina empurra-nos para uma ferida aberta pela guerra civil espanhola que influencia Portugal clandestinamente. 

Uma emigrante que limpa o pó ao "abuelo" embalsamado. 

O primeiro romance de Perón. 

Behamonde o herói aviador republicano, irmão do general Franco.

 O acidente do avião da Madeira.

Pinceladas de Buenos Aires, Açores, Mulhacén, o Vale dos Caídos, La Roca de la Sierra, mas também Arronches, Elvas, Portalegre, Ribeira de Nisa...

Cheiros de um tempo em que as criadas de servir serviam para tudo, criadas por quem serviam. 

Uma escola reprodutora do sistema com personagens que o mantinham.

Uma igreja que se cansava de manter um regime.

Personagens de loucura, Cinha Cinhona, o Engoletudo, Paulo Macedónia, o primo Júlio, o padre Cabral, a Dona Antónia, o Zé da Coelha, Papafina de Jesus, o Ventoinha, o Zarolho, o Espanhol, Salazar o Cigano, Patrocínio Marques casada com Salustiano Perez Román, o sargento e muitas outras, que se cruzaram, se tocaram mas não se encontraram. 

Um romance vertiginoso onde se cruzam tempos e memórias e onde a mulher, nua e crua, é central no desenrolar das histórias que se contam e em que nunca aparece.

A Mulher do Sargento Espanhol 
é ficção pura, marioneta nos dedos da realidade.

A Mulher do Sargento Espanhol 
é um livro para quem gosta de se perder no passar ritmado das páginas, uma aventura de leitura, um tambor tocado pelo destino.


A Mulher do Sargento Espanhol
Terminado e pronto para edição.                                                       
A.M.

sábado, 7 de marzo de 2015

8 DE MARÇO - DIA INTERNACIONAL DA MULHER - CALÇADA DE CARRICHE


Luísa sobe, 

sobe a calçada, 
sobe e não pode 
que vai cansada. 
Sobe, Luísa, 
Luísa, sobe, 
sobe que sobe 
sobe a calçada.


Saiu de casa 
de madrugada; 
regressa a casa 
é já noite fechada. 
Na mão grosseira, 
de pele queimada, 
leva a lancheira 
desengonçada. 
Anda, Luísa, 
Luísa, sobe, 
sobe que sobe, 
sobe a calçada.

Luísa é nova, 
desenxovalhada, 
tem perna gorda, 
bem torneada. 
Ferve-lhe o sangue 
de afogueada; 
saltam-lhe os peitos 
na caminhada. 
Anda, Luísa. 
Luísa, sobe, 
sobe que sobe, 
sobe a calçada.

Passam magalas, 
rapaziada, 
palpam-lhe as coxas, 
não dá por nada. 
Anda, Luísa, 
Luísa, sobe, 
sobe que sobe, 
sobe a calçada.

Chegou a casa 
não disse nada. 
Pegou na filha, 
deu-lhe a mamada; 
bebeu da sopa 
numa golada; 
lavou a loiça, 
varreu a escada; 
deu jeito à casa 
desarranjada; 
coseu a roupa 
já remendada; 
despiu-se à pressa, 
desinteressada; 
caiu na cama 
de uma assentada; 
chegou o homem, 
viu-a deitada; 
serviu-se dela, 
não deu por nada. 
Anda, Luísa. 
Luísa, sobe, 
sobe que sobe, 
sobe a calçada.

Na manhã débil, 
sem alvorada, 
salta da cama, 
desembestada; 
puxa da filha, 
dá-lhe a mamada; 
veste-se à pressa, 
desengonçada; 
anda, ciranda, 
desaustinada; 
range o soalho 
a cada passada; 
salta para a rua, 
corre açodada, 
galga o passeio, 
desce a calçada, 
desce a calçada, 
chega à oficina 
à hora marcada, 
puxa que puxa, 
larga que larga, 
puxa que puxa, 
larga que larga, 
puxa que puxa, 
larga que larga, 
puxa que puxa, 
larga que larga; 
toca a sineta 
na hora aprazada, 
corre à cantina, 
volta à toada, 
puxa que puxa, 
larga que larga, 
puxa que puxa, 
larga que larga, 
puxa que puxa, 
larga que larga. 
Regressa a casa 
é já noite fechada. 
Luísa arqueja 
pela calçada. 
Anda, Luísa, 
Luísa, sobe, 
sobe que sobe, 
sobe a calçada, 
sobe que sobe, 
sobe a calçada, 
sobe que sobe, 
sobe a calçada. 
Anda, Luísa, 
Luísa, sobe, 
sobe que sobe, 
sobe a calçada.

ANTÓNIO GEDEÃO, em "Teatro do Mundo"
Obrigada! Sempre!
Cedido generosamente por 
Cristina Carvalho
(Escritora e filha do poeta)


  1. António Gedeão
    Poeta
  2. António Gedeão fue un poeta, ensayista y dramaturgo portugués, que también publicó diversas obras científicas. Sus poesías más conocidas son Pedra Filosofal y Lágrima de Preta. Wikipedia
  3. Fecha de nacimiento24 de noviembre de 1906
  4. Fecha de la muerte19 de febrero de 1997