Capítulo 1
Ficaram em baixo, mãos no alto acenando e reprimindo o choro. É a última imagem que Carlos Novais recorda da família.
(...)
Levantou-se e entrou numa casa de banho minúscula, inventada para caber ali. Sentou-se apertado na sanita e ficou, olhar na portinha, mesmo na frente, sozinho, meio perdido nos balanços.
Carregou no que julgava ser o autoclismo e caiu-lhe na frente uma mesa de mudar fraldas.
Não deveria ser aquele o botão.
Fechou-a.
Olhou para o lado e viu-se gigante num espelho de lavatório que o surpreendeu pela proximidade.
Que fazes tu aqui?
Começou a rir à gargalhada.
De repente parou.
Encostou as duas mãos ao espelho ficando a imagem no meio, como um abraço limitado por incompleto.
Uma tristeza apertou-lhe o peito, com dentes que mordiam, por dentro.
Não conteve o choro alto que se misturava com o forte ruído de fundo.
Só nesse instante se deu conta, que tinha sobrevoado o Egipto e rumava a Timor-Leste a oito mil pés de altitude.
Bateram à porta, disseram-lhe em inglês que havia turbulência e tinha que sair.
Abriu a portinha estreita e a hospedeira, habituada tanto a lágrimas como a risos, mandou-o sentar e apertar o cinto.
Acompanhou-o ao lugar, confirmou se o cinto estava bem colocado, e tocou-lhe o ombro.
Aquele toque, sentiu-o como uma carícia de toda a gente que amava e tinha deixado, a caminho do desconhecido.
(...)
In O Que Foste lá Fazer?
... em construção...
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