O meu avô José Marques, pintor Portalegrense e eu.
O chapéu é o mesmo.
Só o chapéu.
Como as crianças pequenas que calçam os sapatos da mae, assim me sinto eu, feliz, com o chapéu do Senhor Marques, artista e bom homem, que o digam entre muitas outras obras as colunas e uma janela a imitar mármore do Paço Episcopal, da Diocese de Portalegre e Castelo branco, que pintou já com mais de oitenta anos, depois do Bispo ter rejeitado o trabalho feito por artista estrangeiro que veio e fracassou.
Foram buscá-lo a casa, já reformado.
E ele lá foi apesar da idade.
Quando foi para cobrar, fez contas à hora, como de uma parede se tratasse.
Conta a lenda familiar, que o Bispo, admirado lhe ofereceu o dobro e ele respondeu, horas são horas, Senhor Bispo, dê o que sobra aos pobrezinhos.
Caramba, esta família nunca teve jeito para os negócios.
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