O meu pai é professor. Nos últimos tempos tem andado muito aborrecido. Esteve muito doente e nesse tempo, até esteve internado várias vezes. Ganhava menos, mas descontava igual. Tardou em curar-se mas agora está bem. Ficou doente outra vez quando lhe tiraram tempo de serviço por ter estado doente. A partir daí começou mesmo a estar muito zangado e muito pior ficou quando lhe começaram a tirar dinheiro do ordenado. Nunca sabia quanto receberia no final do mês, mas ouvia-o dizer à minha mãe:
- Roubaram-me outra vez.
Eu deixei de ir de férias e as minhas irmãs também. Ficávamos aqui em casa e nem parecia ser Verão. No Natal também se foram os brinquedos porque lhe tiraram o subsídio mas a minha mãe fez muitos bolos pintados com cores.
O meu pai também dizia à minha mãe:
- Maria, esta escola já não é a minha, agora fazem exames aos meninos e meninas de 7 e 9 anos.
Eu sei, porque também fiz. A minha professora levou todo o ano a dar-nos cópias e cópias de perguntas, até nos mandou comprar um livro que dizia "Exames Nacionais". O meu pai tinha razão, a escola deixou de ter graça, e os meninos começaram a faltar sempre que podiam. O meu pai ia-se zangando cada vez mais porque passou a ter muitos chefes e um director que não era professor de meninos pequenos mas dos grandes que lhe mandava fazer horários com Português e Matemática para meninos também de primeiro ano, que tinham vindo da pré e nem sonhavam o que isso era e não o deixavam cantar nem pintar porque isso eram expressões e tinham muito poucas horas para criar, assim como o estudo do meio era um pouquinho de tempo no horário com muito português e matemática e as aulas uma seca com fichas e mais fichas não sei quantas por dia desse livro que comprámos e que dizia na capa "Exames Nacionais". O vendedor que lá foi levar os livros e receber o dinheiro estava muito contente porque gostava muito de exames nacionais, mas o senhor da livraria foi lá à escola refilar com a minha professora porque também gostava dos exames nacionais e ela não lhe comprou livro nenhum.
Outro dia o meu pai chegou a casa e disse à minha mãe:
- Estou farto de tantos sargentos para tão poucos soldados. Estão a destruir a escola, mas o pior, o que mais me custa é que me obrigam a fazer parte dessa destruição. Estou farto.- Então foi ao computador e disse:- Já está, concorri para Timor e seja o que Deus quiser.
Ele estava tão cansado que disse:
- Estou até aos ossos com este país e com estes incompetentes.
Mas ele também estava triste, pois meteu-me na cama a mim e às minhas irmãs, fez-nos muitas festinhas na cabeça e apagou a luz para o não vermos chorar.
- Roubaram-me outra vez.
Eu deixei de ir de férias e as minhas irmãs também. Ficávamos aqui em casa e nem parecia ser Verão. No Natal também se foram os brinquedos porque lhe tiraram o subsídio mas a minha mãe fez muitos bolos pintados com cores.
O meu pai também dizia à minha mãe:
- Maria, esta escola já não é a minha, agora fazem exames aos meninos e meninas de 7 e 9 anos.
Eu sei, porque também fiz. A minha professora levou todo o ano a dar-nos cópias e cópias de perguntas, até nos mandou comprar um livro que dizia "Exames Nacionais". O meu pai tinha razão, a escola deixou de ter graça, e os meninos começaram a faltar sempre que podiam. O meu pai ia-se zangando cada vez mais porque passou a ter muitos chefes e um director que não era professor de meninos pequenos mas dos grandes que lhe mandava fazer horários com Português e Matemática para meninos também de primeiro ano, que tinham vindo da pré e nem sonhavam o que isso era e não o deixavam cantar nem pintar porque isso eram expressões e tinham muito poucas horas para criar, assim como o estudo do meio era um pouquinho de tempo no horário com muito português e matemática e as aulas uma seca com fichas e mais fichas não sei quantas por dia desse livro que comprámos e que dizia na capa "Exames Nacionais". O vendedor que lá foi levar os livros e receber o dinheiro estava muito contente porque gostava muito de exames nacionais, mas o senhor da livraria foi lá à escola refilar com a minha professora porque também gostava dos exames nacionais e ela não lhe comprou livro nenhum.
Outro dia o meu pai chegou a casa e disse à minha mãe:
- Estou farto de tantos sargentos para tão poucos soldados. Estão a destruir a escola, mas o pior, o que mais me custa é que me obrigam a fazer parte dessa destruição. Estou farto.- Então foi ao computador e disse:- Já está, concorri para Timor e seja o que Deus quiser.
Ele estava tão cansado que disse:
- Estou até aos ossos com este país e com estes incompetentes.
Mas ele também estava triste, pois meteu-me na cama a mim e às minhas irmãs, fez-nos muitas festinhas na cabeça e apagou a luz para o não vermos chorar.
Estou com sono. Até amanhã.
Clarinha
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