martes, 21 de octubre de 2014

O PLÁGIO - Clarinha


21 de Outubro de 2014

Hoje apanhei uma vergonhaça.
Fiquei vermelha como os tomates que a minha avó diz estarem cada vez mais caros e como os pimentos que o meu avô tinha como desporto de reformado e hoje como trabalho pois tem que os vender na mercearia do Senhor Paulino, para com esse dinheiro comprar outras coisas, como gasolina para me ir levar à escola e à ginástica que é paga pelo meu outro avô senão já lá não andava. Os meus pais cada vez nos pagam menos coisas, porque descobri que o nosso carro e a nossa casa afinal só são nossos no papel ou quando os meus pais falam deles com os amigos, porque na realidade não sei de quem são porque às vezes ouço o meu pai dizer já paguei a casa este mês e a minha mãe, já paguei o carro este mês, então porque as coisas não podem ser pagas tantas vezes eu penso que andamos num carro de aluguer e vivemos numa casa de renda e os meus pais não querem que se saiba.
Hoje apanhei uma vergonhaça e fiquei encarnada como um tomate como disse lá encima, porque olhei para o trabalho da Guidinha para ver se as minhas respostas eram iguais às dela e uma das minhas professoras substitutas, que nunca é a mesma e está lá à espera que o ministério nos dê uma para todo o ano, mandou um grande berro:
- CLARA (quando se zangam comigo nunca me chamam Clarinha) estás a copiar, coisa feia!!
Ufa. Se tivesse um buraquinho metia-me nele, porque ela continuou:
- Quando o teu pai te vier buscar à escola, digo-lhe, parece mentira, não tens vergonha?
Não abri o bico até ao almoço, com medo do meu pai e só fiquei mais aliviada quando ele disse à minha professora, substituta da que ainda não veio, que era o esperado em quem tem como responsáveis pelas escolas, pessoas que fazem plágio e ninguém as demite, saem pelo seu pé e dizendo que são problemas pessoais.
Não percebi e fiquei muito curiosa sobre o que é isso do plágio.
À tarde fui ao computador e descobri que plágio é copiar e que esse senhor que era chefe das escolas copiou e mostrou como se tivesse sido feito por ele. Eu não fiz isso, só espreitei para saber se a Guidinha tinha feito o mesmo que eu. Quem devia estar vermelho como os tomates caros da minha avó e os pimentos que são agora carga de trabalhos para o meu avô era esse senhor e não eu. Afinal, se viesse viver aqui para o pé de nós, era até perigoso, pois poderia roubar os pimentos ao meu avô, dizer que eram dele e ir vendê-los à mercearia do senhor Paulino.

CLARINHA




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